Gastronomia à brasileira
Que verbetes vêm à cabeça quando você pensa em "gastronomia brasileira"? Sem celeuma, sem polêmica e sem censura, assim de "bate-pronto", eu diria: em construção. Mais formalmente, entendo que o discurso sobre a “gastronomia brasileira” elaborado neste início de século XXI se constituiu a partir da memória sobre a sua própria historicidade. E digo isso em meu livro: Diálogos Comestíveis - Porque todo comer é você quem desenha (Editora Dialética), recém-lançado (2022). Ele está disponível no site da editora e, também, nas principais plataformas de e-commerce nas versões física e e-book.
Ocorre que, muitas vezes, o que denomina-se "gastronomia" é, ainda, preâmbulo. É ainda molde. Se se pensar em "cozinha de autor" e, portanto, em alta gastronomia, os set-ups são mais longos: tem-se processos criativos diversos, muitas vezes embalados pela afeição inicial de um cozinheiro com a culinária regional que reconheceu nalgum rincão desse quase continente.
A gastronomia é multidisciplinar, mais ampla que o receituário em que se baseia. Por sua vez, o receituário é como um texto basal em que os verbetes circulam livres, leves e soltos até que, juntos passem a fazer sentido para um, mais um e, por fim, para muitos. E agora, Carlos?