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O que querem comer as gentes de todos os brasis em todos os brasis?

O que querem comer as gentes de todos os brasis em todos os brasis?

| Pensamentos devorados

Érica Araium

Idealizadora de Diálogos Comestíveis, estrategista de branding, marketing e comunicação. Jornalista. Palestrante. Ávida por #MotivosParaDialogar.

Érica Araium

Idealizadora de Diálogos Comestíveis, estrategista de branding, marketing e comunicação. Jornalista. Palestrante. Ávida por #MotivosParaDialogar.


Fora dos corações financeiros em que, dizem, pulsa a economia brasileira, o que corre pelas veias (dos consumidores)? O que os nutre e os alimenta? O que ocorre nos centros de P&D? O que nos inventam de última hora para sanar a fome de novidade?

A pergunta, desta vez, não é retórica. Ela emana traços de pesquisa, de investigação antropológica, de leitura de notas de rodapé. De apuração. É o início de um trabalho mais profundo e há que se ter faro para a notícia.
 

açaí guardiã
"Açaí guardiã" da região Norte


Veja. O açaí que Sampa consome é controverso pelas combinações às avessas do sentido da fruta guardiã do Norte. E a Sampa, que conversa eloquentemente com o mundo em todas as esquinas de dura poesia concreta, nos cruzamentos de massa cinzenta não conhece o Brasil. Que pena.

O Brasil não conhece o Brasil de Aldir, de Cascudo, de Machado, de Amado, de Dória, de Joelma. De brasileirinhos e brasileirinhas de todos os rincões. Só quer curtir com um taca cá uma taça acolá. Então qualquer tacacá ficará para depois nas escolhas cotidianas dos centros de pesquisa e inovação? Não creio. Há repertório e diversidade (ainda) de sobra. Falta o gesto da leitura.

Comida é cultura. Se massificada, desapegada dos sentidos ancestrais e dos usos sábios, aqueles transmitidos via receita, no boca-a-boca ou no byte a byte (já não importa), vira só nutriente. Um amontoado de proteínas, carboidratos, vitaminas, fibras solúveis e outros macro informados no rótulo que, vestidos em bonita carcaça, fazem vista luxuosa nas gôndolas dos mercados.

A comida “de verdade”, como muitos especialistas do alimento frisam, não desconsidera os contextos. Não apaga as memórias. Ao contrário, surpreende pela mágica da simplicidade de um sabor que depende da biodiversidade, da escuta e do diálogo.

O que querem comer as gentes de todos os brasis? O que querem ver provar a língua? Onde estão os produtos que sanam o desejo pelo novo e atam os nós do nosso povo? Querelas...

Este é um convite ao pensar. À reconstrução das relações de produção e consumo pela descentralização do consumo e pela sensatez das escolhas alimentares. Pela defesa da localidade e das pessoas que compõem a cadeia do alimento.

Quer me ajudar a pensar sobre isso? Me escreva: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. OU envie mensagem via
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TAGS: Segurança alimentar, tecnologia, consumo consciente, não desperdício, transparência e rotulagem clara, interesse por alimentos locais e étnicos/ regionais, cultura alimentar, expansão do mercado de alimentos funcionais.