Érica Araium
Idealizadora de Diálogos Comestíveis, estrategista de branding, marketing e comunicação. Jornalista. Palestrante. Ávida por #MotivosParaDialogar.
Érica Araium
Idealizadora de Diálogos Comestíveis, estrategista de branding, marketing e comunicação. Jornalista. Palestrante. Ávida por #MotivosParaDialogar.
Pensa comigo, só um bocado. Que cara tem a merenda escolar? A alimentação escolar, para bem dizer? A merenda que a gente vê por aí deveria ter traços de execução bem-feita, diversa e inclusiva, como mandam os figurinos do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
Essas siglas, aliás, não deveriam servir para se fazer sopa de letrinhas (se não as conhecia, temos um problema razoável, aliás, que quero ajudar a resolver), mas determinar a paisagem comestível que veremos adiante. E para ditar os rumos da saudabilidade e da sustentabilidade. Será que quem faz a merenda nela se vê?
Conheço, desde agosto, mais alguns rostos da merenda. Novas linguagens e novos caminhos. Nasceu um novo documentário independente. Um filme realizado no âmbito da disciplina Meio Ambiente, Questões Agrárias e Multimeios realizada pelo Laboratório Multiusuário Terra Mãe NEPAM, em parceria com a Feagri e o IA da UNICAMP.
▶️ Assista agora a esta estreia na “Merendaflix”! No YouTube!
A PRODUÇÃO
Nos últimos seis meses, estive com a cabeça enfiada nesse projeto experimental em que me meti – em boa parte para salvar minha saúde mental e as esperanças no país e na educação. Deu tão certo que duas coisas aconteceram nesta semana: 1) fizemos duas exibições do documentário independente “A Merenda Que Se Vê - uma poética experimental em diálogo” (17 min.), uma no Museu da Imagem e do Som de Campinas e outra no Auditório da Adunicamp, um tremendo sucesso; 2) regresso às redes sociais e ao blog de Diálogos Comestíveis com o corpo um tanto mais bem alimentado e uma fome honesta de botar mais projetos assim a circular.
Estiveram comigo nessa trama Fernanda Ticianelli de Castro e Jessica Helena Christofoletti, pesquisadoras ligadas à Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), campus Araras. Em 2023, elas e outros estudantes de graduação (Bacharelado em Agroecologia) e pós-graduação (Agroecologia e Desenvolvimento Rural) da instituição, ao organizar o evento “III Seminário de Agroecologia e Desenvolvimento Rural e VIII Semana da Agroecologia: Agroecologia em redes”, trouxeram os olhares e as vozes das agricultoras e agricultores dos assentamentos de Araras, levantando suas dificuldades com produção, comercialização e organização social. Os perrengues inerentes ao acesso às políticas públicas, como é o caso do PNAE, tiveram destaque nas discussões.
Em 2024, a temática se assenta em “A Merenda Que Se Vê” e abre uma nova proposta de discussão ao dar voz e ao ilustrar a problemática de maneira contundente, poética e clara.
Diálogos Comestíveis assina o stop motion da merenda: Carolina de Avilez e eu passamos umas boas horas debruçadas em todas as etapas. Assino o argumento, a direção, a direção de fotografia, o roteiro, a edição e a pós-produção, bem como a divulgação, sem nenhum recurso.
Vale à pena assistir e ponderar sobre os pontos de vista de Aldevino Viana, Bruna Rafaela Martins, Celita Maria de Lima Sena, Ione Ciriaco dos Santos, José Silva Guida - Secretário Geral da Cooperativa de Trabalhadores Rurais do Assentamento de Araras e Região (COOPAF) -, Rosa Maria Montelatto Marques, todos agricultores dos assentamentos rurais Araras III e Araras IV de Araras/SP.
E vale à pena ouvir “Momentos” do violeiro Robson Furiozo, como quem tem a certeza de que a canção "Momentos", do álbum Caipira de Fato (2022), gentilmente cedida ao documentário, foi feita para esta ocasião. “Ah, saudade!”
SINOPSE
A longa cadeia do alimento pode ser lida nos olhos, nos gestos e no prato de 6 personagens agricultores coprodutores: gente que planta, gente que vive, gente que coproduz e gente que (se) alimenta. Ao longo da jornada de transformação do alimento, descobrimos, com a ajuda de agricultores familiares de Araras/SP, todos assentados, que 30% do que as crianças deveriam comer na escola, todos os dias, depende do arregaçar de mangas e da resiliência deles. Apesar dos problemas de cumprimento da legislação (municipal e do PNAE), apesar das mudanças climáticas e políticas, esse grupo compreende que tem nas mãos e na voz a solução para a alimentação saudável e sustentável desta e da próxima geração. Mas, será que esses produtores se veem no prato? O que eles veem, aliás? Para além da ampla paisagem e do sulco do plantio, há mais a enxergar na cadeia da merenda escolar.
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OUTRAS PRODUÇÕES DA MOSTRA CINEMA TERRITÓRIO
Nas duas sessões da Mostra Cinema Território, promovida pelo Laboratório Multiusuário de Comunicação TERRAMÃE, pudemos dividir a noção que temos de conceitos como a resistência ao fogo e às mudanças climáticas, a agroecologia, o alimento, o documentário, a poesia, o feminino e mais, através de quatro produções: A Merenda Que Se Vê; Mariele vive: entre o fogo e a vida; Ela vem brilhando novamente; Carmen, a líder do Menino Chorão. Falarei mais sobre elas em breve.
É bom que se frise que a disciplina reuniu alunos de todas as sortes. Uns muitos oriundos das engenharias agrícola e ambiental, outros poucos dos multimeios, uns outros sem quaisquer vínculos com as instituições de ensino superior – agarrados à roça e plantados à terra. Caso de Marta Pereira (foto/arte abaixo), do Acampamento Marielle Vive! do município de Valinhos/SP. Sem qualquer conhecimento prévio, dirigiu e produziu duas produções como quem bradava “resistência” a cada claquete.
Temos muito a agradecer aos professores Alessandro Poeta Soave (Produtor Audiovisual LUME), Diego Riquelme (Laboratório Terra Mãe Nepam), Guilherme Landim (Doutorando PPG Multimeios UNICAMP) – o raio que tudo acendeu e fez a chuva de produções acontecer -, Kellen Maria Junqueira (Sementeia). Ainda a Vanilde Ferreira de Souza Esquerdo (Feagri/UNICAMP), coordenadora do curso, e aos professores convidados Alfredo Luiz Paes de Oliveira Suppia (PPG Multimeios/UNICAMP), Andrea Celia Molfetta (Universidade de Buenos Aires), Gilberto Alexandre Sobrinho (PPG Multimeios/UNICAMP) e Wagner Gervazio (Pós-doutorando Feagri/UNICAMP).
Saiba mais sobre a alimentação escolar:
O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) consiste no repasse de recursos financeiros federais para o atendimento de estudantes matriculados em todas as etapas e modalidades da educação básica nas redes municipal, distrital, estadual e federal e nas entidades qualificadas como filantrópicas ou por elas mantidas, nas escolas confessionais mantidas por entidade sem fins lucrativos e nas escolas comunitárias conveniadas com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, com o objetivo de contribuir para o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial, a aprendizagem, o rendimento escolar e a formação de hábitos alimentares saudáveis dos alunos, por meio de ações de educação alimentar e nutricional e da oferta de refeições que cubram as suas necessidades nutricionais durante o período letivo. A Lei nº 11.947, de 16/6/2009, dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e está regulamentada atualmente pela Resolução CD/FNDE nº 06, de 8 de maio de 2020 e suas alterações. Fonte: https://www.gov.br/fnde/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/programas/pnae
Criado inicialmente pelo art. 19 da Lei nº 10.696/2003, e reinstituído pela Lei nº 14.628, de 20 de julho de 2023, e regulamentado pelo Decreto nº 11.802, de 28 de novembro de 2023, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) é um programa estratégico para o país, tanto no combate à fome, quanto na promoção da segurança alimentar e nutricional. Destaca-se o caráter transversal do programa, que hoje está presente, entre outras iniciativas, na implementação da Estratégia Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional nas Cidades (Decreto nº 11.822/2023), do Programa Cozinhas Solidária (criado em julho de 2023, por meio da Lei 14.628/2023 e instituído pelo Decreto nº 11.937/2024 e pelas Portarias N° 977 e 978), nas ações de promoção da alimentação adequada e saudável no ambiente escolar (Decreto nº 11.821/2023), entre outras. Fonte: https://www.gov.br/mds/pt-br/acoes-e-programas/acesso-a-alimentos-e-a-agua/programa-de-aquisicao-de-alimentos
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