Memórias plásticas da terra dos vikings

Algum tempo se passou e aqui estou novamente, retornando a Bergen (mesmo que através de minhas lembranças). Bergen, para quem não sabe, é uma das mais belas e visitadas cidades da Noruega, pois o destino é porta de entrada para os fiordes noruegueses, patrimônio natural da humanidade.

Há 12 anos Lélia Rezende, relações públicas, decidiu fazer a travessia da vida dela. Criar a Mundo Afora Viagens, uma agência focada naquele viajante que quer sair por aí, mas não tem tempo necessário para criar o seu roteiro. Uma tarefa que exige inspiração, muito bate papo, e conhecimento de sobra. Experiência do usuário (UX) ao extremo!

 

Poder visitar esse canto do planeta sempre esteve nos meus planos, confesso que era um sonho da adolescência. E, em 2004, lá fui eu. Isso mesmo. Guarde esse número: 2004. Pouco se falava em viajar para os países escandinavos. Ainda bem que, aos poucos, as pessoas foram se interessando por esses países. E quando estão por lá, se deparam com uma cultura bastante diferente da nossa. E talvez esteja aí um dos propósitos de minha agência, a Mundo Afora Viagens: te lembrar que podemos encontrar (e nos encontrar) em lugares que nem sempre estão no imaginário coletivo.

Um programa sempre obrigatório em minhas viagens é de conhecer os supermercados locais. Considero esta uma maneira deliciosa de se aproximar dos moradores, provar o novo, e de se surpreender com lições que durarão pra vida toda. Como assim, ensinamentos dentro de um supermercado?

 

Isso mesmo, jamais imaginei que uma simples ida ao supermercado me marcaria de tal forma, e muito mais que isso, que serviria de modelo para o planeta, em 2021, 17 anos depois. Lá estava eu, no auge da minha juventude, finalmente conhecendo a Noruega tão sonhada. Quando fui passar os produtos pelo caixa, a atendente me perguntou se eu precisaria de uma sacola plástica. Essa brasileira perdida na terra dos vikings ficou indignada com uma pergunta tão estranha. Não fiz nenhum comentário. Apenas agradeci pela sacola e fiquei com os meus pensamentos, mas tendo a absoluta certeza de que aquilo não fazia sentido algum.

Pobre Lélia, não imaginava o que estava por vir... Confesso que esse fato me envergonha. Porém, naquele instante, jamais imaginaria que o lixo plástico seria um dos maiores desafios da humanidade. A Noruega lidera o ranking mundial quando o assunto é desenvolvimento humano, de acordo com relatório divulgado em 2020, pela Organização das Nações Unidas; e está entre os 10 do mundo em sustentabilidade, segundo dados do The 2020 Environmental Performance Index (EPI). Diante desses números impressionantes, seria injusto nos compararmos a eles.

Mas nunca é tarde para se mover, perceber, como sonhadora que sou e criadora de viagens. Apenas desejo que você enxergue em seus roteiros muito mais do que pontos turísticos. Espero que o seu olhar possa ir além, que te transforme.

E claro, não deixe de conhecer os mercados!

Imagens de Bergen, 2004, direto dos arquivos de Lélia Rezende, da Mundo Afora Viagens
Imagens de Bergen, 2004, direto dos arquivos de Lélia Rezende, da Mundo Afora Viagens

 

 

Tempero Diálogos Comestíveis (por Érica Araium)

 

Em março de 2018, quando Lélia Rezende passou a contribuir com Diálogos Comestíveis, nos levou a pensar como viajantes e a ponderar sobre a relação que estabelecemos com a gastronomia local quando estamos noutros países. Na época, ela nos contou bastante sobre o  Mercado de Peixes de Bergen, tipo de experiência da qual não abrimos mão.

Em meio ao contexto pandêmico, um turbilhão de poréns nos vem à cabeça quando imaginamos o cenário das compras daqui a alguns anos. As interfaces e os dispositivos devem apresentar designs mais funcionais e centrados no usuário a fim de facilitar-lhe as escolhas. Durante a jornada de compras, afinal, o que menos queremos é pensar.

Ademais as expectativas do consumidor estão no nível omnichannel, ou seja: a conversão (momento efetivo da compra) pode ocorrer no meio on-line ou no off-line, não havendo distinção entre eles: daí a importância de uma comunicação atenta a todos os pontos de contato da marca e aberta ao diálogo com o usuário. Não à toa, 49% do público pretende alter[1]nar suas compras entre o online e o offline em 2021, de acordo com estudo sobre o comportamento do consumidor no varejo em 2020 feito pela All iN, Cortex e Social Miner.

A decisão de aproximar-se de uma ou outra marcas esta afetada, entre outros fatores, pela cultura e regionalidade, pelas informações demográficas, por motivações pessoais, pela postura e ética. No exemplo da Lélia, fica claro o quanto a cultura norueguesa contribui à tomada de decisão de um usuário mais atento ao desenvolvimento sustentável e à economia circular. Por que usar uma sacola plástica se o usuário pode levar sua própria sacola ao mercado? 

A pergunta que sempre nos fazemos nos guiou para um exemplo contemporâneo e espanhol: o empresário Esteve Domènech criou o Linverd Eco Market, pioneiro naquele país e onde nenhum plástico descartável é vendido ou oferecido como embalagem. A ideia é simples, mas para ser bem sucedida, depende tanto da conversa da marca quanto do engajamento do público.

E no Brasil? Enquanto escrevíamos este post, nos lembramos de muito que Paulina Chamorro nos contou sobre as questões ambientais e o debate tão necessário sobre o plástico e os oceanos no meio jornalístico. E soubemos, por meio de uma notícia publicada no portal UOL, que, no Rio de Janeiro, as sacolas plásticas subiram de preço em função do aumento do dólar. O custo passará de R$ 0,06 a R$ 0,10. Segundo a Asserj (Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro). Um dos fatores que impactou o reajuste foi a alta no custo da matéria-prima usada na fabricação, que é derivada do... petróleo. Não há combustível fóssil a rodo por aí, tampouco espaço para tanto lixo. Dá uma olhada neste vídeo que retrata a situação nos rios da região de Campinas/SP.

Uma imagem que vale por mais de mil palavras: Linverd Eco Market
Uma imagem que vale por mais de mil palavras: Linverd Eco Market

 

Da próxima vez que for ao mercado, ainda que virtual, exija mudanças que façam sentido para um mundo que não admite "plano B". Temos #MotivosParaDialogar.

 

 

 

 

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