Bergen, Noruega, Crédito joaquinaristii/Foap/Visitnorway.com

Take me on a tour pelo Mercado de Peixes, Bergen!

Diálogos Mundo Afora nº1 -  Graças aos contos do dinamarquês Hans Christian Andersen, lidos na infância, os países nórdicos povoaram meu imaginário - e o seu, tenho certeza! Vai me dizer que não conhece histórias como a do O Patinho Feio ou Soldadinho de Chumbo? No verão de 2004, decidi conhecer Dinamarca, Noruega e Suécia. A memória que tenho do segundo país dessa lista ainda faz salivar a boca! Quer saber por que? (Por Lélia Rezende, Mundo Afora Viagens)

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Harmoniza bem com I Spy (Mikhael Paskalev), ouça a playlist de Diálogos Comestíveis no Spotify clicando aqui.  Post checado em 02 de março de 2021.

 

Vista do cais de Bergen, na Noruega (Visit Norway/ Divulgação)

Vista do cais de Bergen, na Noruega (visitBergen.com)

 

Pode parecer muito tempo, mas, ainda sinto como se estivesse lá. Ouço o barulho do vento e o ensemble russo que tocava Aquarela do Brasil na chegada, pelos fiordes. E o que dizer do cheiro do peixe fresco e dos embutidos de caça tão característicos do Mercado de Peixes de Bergen? Eis uma fantástica experiência gastronômica para se viver no coração da cidade, situada ao Sul do litoral norueguês. Esse comércio, que virou atração turística, resiste desde o século XII. Há outros incríveis, no mundo todo - vide o Mercado de Especiarias de Istambul. Entre fiordes e montanhas, porém, desconheço lugar tão especial. Ele quase nunca fecha, mas é importante consultar os horários de funcionamentos nas distintas estações do ano

Não espere por um local enorme, mas, sim, rico em produtos frescos e saborosos. Nas diversas bancas, é possível encontrar crustáceos, peixes, caviar e carnes exóticas, tal como a da baleia, do alce e da rena - especialidade local. (Araium (A) Para quem viu um alerta amarelo acender, basta dizer que, sobre hábitos alimentares versus sustentabilidade, falaremos adiante. E que a Noruega é um dos países mais conectados à lógica do desenvolvimento sustentável).

Os produtos vendidos no mercado podem ser devorados ali mesmo ou levados para casa. De um modo geral, as porções são generosas, assim como os preços. A de bacalhau fresco (Cod Fish), delicioso, custa cerca de US$ 28. Uma cerveja, US$ 7,0 (- Sim, já custou mais caro, a Noruega tem a fama de ter as brejas mais caras do mundo). Valores que não diferem muito daqueles praticados em cidades como Roma e Paris. Comer em Oslo, para se ter outro parâmetro, custa tão caro quanto em Londres.

Entre os pescados, e apesar de haver muitas opções gastronômicas locais, a grande sacada é perceber, junto aos pescadores, o que está na época, disponível e fresco. O famoso salmão (servil ao gravlaks e a preparações defumadas), a truta (também consumida defumada, normalmente), à exceção, são mais frequentes em oferta. Camarões, caranguejos e mexilhões, idem, sobretudo ao Sul do país. É possível encontrar muitas variedades de harenque (Sild), acompanhadas de uma série de marinadas e sabores.

"O apetite por alimentos orgânicos é algo natural para os noruegueses. A indústria sustentável de frutos do mar é resultado da regulamentação rígida estabelecida pelas autoridades norueguesas e de um debate constante sobre o equilíbrio entre as condições ambientais, econômicas e sociais".

 

Mercado de Peixes de Bergen (Visit Norway/ Divulgação)
Mercado de Peixes de Bergen (Bergen Tourist Board/Robin Strand - visitBergen.com)

 

VIVA O VERÃO DE BERGEN

Bergen é a segunda maior cidade da Noruega, porta de entrada aos fiordes, uma das maiores atrações do país. Não há voos diretos do Brasil para lá, mas diversas conexões rápidas partem dos principais aeroportos da Europa e as tarifas giram em torno de U$ 1.200 na média temporada, com saída de São Paulo (SP). Há, ainda, cruzeiros marítimos até lá, vale checar os promovidos pelas bandeiras italianas MSC e Costa. Há opções mais caras e personalizadas e, ainda, cruzeiros fluviais bem bacanas. 

Como as temperaturas norueguesas são bem mais baixas que as da média do continente, recomendo que a viagem seja programada entre os meses de maio a setembro - além de econômicamente rica, a Noruega ostenta belezas naturais e convida às atividades ao ar livre, ao ecoturismo. Ah, leve sempre guarda-chuva: o índice pluviométrico da cidade é altíssimo, considerado o maior da Europa. Melhor prevenir.

 

Entre fiordes, montanhas e terra firme, ecoturismo possível e estimulado
Entre fiordes, montanhas e terra firme, ecoturismo possível e estimulado
(Rapha/FjordNorway.com)


E a língua? Destrave! O idioma não é uma barreira para o visitante. No mercado de peixes de Bergen, é possível encontrar vendedores do mundo todo, em grande maioria estudantes, que escolhem a cidade para trabalhar durante os meses mais quentes do ano. Acredite, a recepção calorosa é um dos pontos fortes do passeio!

 

Coleção de fotos de Lélia Rezende sobre Bergen
Coleção de fotos de Lélia Rezende da visita a Bergen (Arquivo pessoal/ Arte: Érica Araium)

 

Não poderia deixar de citar, ainda, o Bergen Matfestival, maior evento de gastronomia local da Noruega e que ocorre entre agosto e setembro. O festival tem como objetivo valorizar e promover os produtos regionais e viabilizar a interação entre produtores e consumidores. Algo que sempre nos dá #MotivosParaDialogar.

 

No verão, há o Bergen Matfestival, dedicado ao universo gastronômico
No verão, há o Bergen Matfestival, dedicado ao universo gastronômico (Skiinformarmatie.nl/ Divulgação)

 

Musical e cênica, Bergen cativa, sobretudo no verão (Visit Norway/ Divulgação)
Musical e cênica, Bergen cativa, sobretudo no verão (Bergen Tourist Board/Willy Haraldsen - visitnorway.com)

 

Vale lembrar, apesar das reviravoltas tantas, que a Noruega é reconhecida, internacionalmente, pela preocupação com o meio-ambiente, além de ser um destino turístico premiado, quando o assunto é sustentabilidade. O país possui o maior número de carros elétricos por habitante e pretende banir os veículos movidos a gasolina e diesel até 2025.
 

DITADO NORUEGUÊS - "A neve é a manta do agricultor" (Kar çiftçinin yorganidi)
 

Bergen, sozinha, já valeria a viagem, mas lembre-se que a Noruega pode ser facilmente combinada com outros países da Escandinávia, como a Dinamarca, sendo todos eles interligados por uma moderna infra estrutura ferroviária, fluvial e aérea. Quer montar um roteiro gastronômico personalizado?

 

Rene Redzepi, o locavore hero da Dinamarca, reabriu seu Noma em fevereiro de 2018. Arte: Érica Araium/ Diálogos Comestíveis
René Redzepi, o "locavore hero" da Dinamarca, reabriu seu Noma em fevereiro de 2018. Arte: Érica Araium/ Diálogos Comestíveis

 

Tempero Diálogos by Érica Araium

 

Eu ouvi Dinamarca e pensei em Noma? René Redzepi está, para o meio gastronômico, como Darwin está para o estudo da evolução ou Petrini está para o Slow Food? Sei lá - talvez haja pitada excessiva de exagero aí. Contudo, ponderar sobre o verbete, sobretudo quando se é cozinheiro, é imperativo. Já pensou em visitar a Dinamarca por causa do que fez o cozinheiro pela gastronomia local e pelos locavore do mundo todo? Se puder, entre na fila de espera do novo Noma, que já ultrapassa os 45 mil nomes.

O chef reinaugurou, no final de fevereiro, o novo Noma - ou Noma 2.0, vizinho ao antigo endereço, fenômeno por 13 anos/ até 2017 - em Copenhague, a fim de revigorar os conceitos em que acredita e refrescar o menu dos diálogos que serve no prato, por assim dizer. Em relato, Alexandra Forbes, que está envolvida em projetos bacanas como o Reffetorio Gastromotiva (RJ), destaca: "o menu radicalizou-se. Durante o inverno só tem, quase, peixes e frutos do mar da região, por ser a melhor estação para eles. Com a chegada do verão, se tornará vegetariano e colherão ali mesmo os ingredientes usados nos pratos. O terreno será tomado por plantas (até no teto do salão). No outono irá virar carnívoro ao extremo, focando totalmente em carnes de caça. A sazonalidade pregada por tantos chefs ali foi levada a um extremo que arriscaria espantar clientes, não fosse o Noma o fenômeno de público que é, com centenas de milhares de nomes na lista de espera por uma mesa".

O local ainda está sendo ajeitado. Há hortas próprias e espaço para 40 pessoas jantarem todas a noites; o espaço culinário para produção de carnes e fermentados está nos planos, deve ser ativado em breve. As reservas começaram em novembro de 2017 acabaram em 14 horas. Preço? O menu-degustação custa US$ 375. Há reservas especiais para duplas de  estudantes. A estação dos frutos do mar segue até 2 de junho de 2018 e os vegetais ganham quase toda a cena a partir do dia 26 de junho.


 

Os melhores frutos do mar escandinavos são de dar nó em cabeça de cozinheiro. (Fotos: Visit Norway/ Divulgação)

Os melhores frutos do mar escandinavos são de dar nó em cabeça de cozinheiro. (Samuel Taipale/visitnorway.com)

 

Variedade para comer lá ou levar para casa: Mercado de peixes de Bergen

Variedade para comer lá ou levar para casa: Mercado de Peixes de Bergen (Artsy2013/Foap/Visitnorway.com)

 

Slow fast food
Slow fast food (Tina Stafrèn/Visitnorway.com)

 

 

Se pudesse, faria um tour por Dinamarca, Noruega e Islândia, só para comer e encontrar mais #MotivosParaDialogar. Bora? 

E devemos. Afinal, se há, desde 2012, um movimento escandinavo/ nórdico dos chefs de cozinha rumo às escolhas mais frescas, locais, coprodutoras, sazonais e biodiversas, há um dedo do "locavore hero" (como nomeou a Times) a dizer por que.

 

PARA PONDERAR

Em março de 2017, o documentário Slaget om K - foi ao ar pela TV pública norueguesa NRK e trouxe, mais uma vez, à tona a preocupação global com a caça indiscriminada ao animal, apesar das restrições tantas. Na pequenina Islândia, quem sustenta o comércio são os turistas - De acordo com reportagem publicada pela BBC, em 2015, "apenas 1,7% dos islandeses comem carne de baleia". enquanto "de 35% a 40% dos turistas" que visitam aquele país consomem a "iguaria" -número em declínio, segundo o International Fund for Animal Welfare (Fundo Internacional pelo Bem-Estar dos Animais). O Japão é signatário da moratória da caça às baleias da Comissão Baleeira Internacional (CBI) desde 2014, embora, volta e meia, seja questionado pela caça com finalidade científica.

Noruega e Chile nadam, às vezes em correntes opostas, pelos descaminhos da Revolução Azul, sobretudo quando o assunto é salmão. São ambos grandes exportadores mundiais desse peixe que faz a cabeça de muitos cozinheiros desde o início dos anos 2000. E, a-ha! A Noruega dá conta de abastecer 37 milhões de refeições com pescados daquelas águas frias e profundas, consumidos diariamente. Caso do bacalhau, maior pescado tipo exportação norueguês. Fica em Alesund, ao Norte daquele país, a Klippfiskakademiet (Academia do Bacalhau), aliás

 

Cod fish (Yngve Ask - visitnorway.com)
Cod fish (Yngve Ask - Visitnorway.com)

 

 

 

 

 

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