Você tem fome de quê?

Você tem fome de quê? Em seus paraísos artificiais, as I.A.’s – inteligências artificiais - têm fome de dados. Não importa quais. E de inputs. Os seus inputs. Desde a década de 1950. 

O matemático britânico Alan Turing (1912-1954), “pai da computação”, foi o responsável por decifrar a “Enigma” alemã e quebrar as expectativas nazistas para o envio de mensagens secretas durante a segunda guerra mundial. A Máquina de Turing, ilustrada no longa metragem “O Jogo da Imitação” (2014), conta essa história em mais detalhes: vale a pena assistir. Para o campo da inteligência artificial, Turing é o pioneiro da teoria. Por isso a menção a ele sempre ocorre quando falamos em I.A.’s.

No entanto, e apesar de tanto tempo depois do desenvolvimento das I.A.’s e algoritmos, creio que não há, ainda, algo capaz de substituir a criatividade e a inteligência emocional dos humanos. 

 

Imagens geradas pelo DALL·E 2 - OpenAI com os inputs de Diálogos Comestíveis

 

Nossas tomadas de decisão são contextualizadas, étnicas e (ainda) éticas. Pensamos e agimos de forma imprevisível e diversa, ao contrário do que fazem as previsíveis I.A.’s. Elas são alimentadas por nossos vieses e creem ser mais difícil caminhar, por exemplo, que determinar a logística aérea global da Amazon para a entrega de seus produtos encomendados a partir de desejos criados por algoritmos de marketing. São espertas. Mas, trombam com o paradoxo de Moravec entre as sinapses inventadas ao longo da rede neural que conhecem.

Moravec? Refiro-me a Hans, ao roboticista e cientista da computação americano famoso pelo seu trabalho sobre robótica, inteligência artificial e estudados sobre o impacto da tecnologia. Que é, assim como eu, interessado no “transhumanismo”.

No meu primeiro ano de vida (1980), Moravec já havia ponderado que “É relativamente fácil conseguir computadores para executar, em um nível adulto, testes de inteligência ou verificadores; e difícil ou impossível dar-lhes a percepção e habilidades de mobilidade de uma criança de um ano".

I.A.’s não sentem o mundo. Não tocam o mundo. Apenas desenham o mundo a partir de um volume imenso de dados. Haja processadores. Este é um grande ponto desse texto que escrevo usando lógica e emoção na mesma medida, mas sem qualquer pretensão outra que não provocar o pensamento dos humanos.

 

 

Ora, os sistemas de I.A. são ecossistemas de computação em larga escala e, rapidamente, desde os anos 1960, vê-se que, à medida em que avançam a computação, a Internet, a Internet das Coisas (IoT) e a velocidade da transmissão de dados; e à medida em que são alimentados por “big” dados e algoritmos sofisticados, desenham uma nova paisagem diante dos nossos olhos. Apesar de serem primorosos para determinar padrões e criar soluções eficientes e de grande performance, as I.A’s não se emocionam. Isso me leva a revisitar alguns de meus já ditos.

Se as I.A.’s precisam ser alimentadas, e se há tantas bias em curso - processos de distorção da realidade, a partir do envolvimento do observador –, como controlar a fome das I.A.’s por um mundo padronizado? E se comparássemos a indústria de alimentos e seu arsenal tecnológico já disponível à Enigma de outrora? E, mais “humanizada”, estimulasse a responsabilização de humanos mais sensíveis e empáticos, algo que o mundo realmente precisa?

Dizendo de outra forma, e se considerássemos que todos pudéssemos ser Turings contemporâneos loucos por quebrar as pretensões de uma indústria ansiosa por nos oferecer “mais do mesmo” para comer?

Agora, deu fome.

 

 

 

 

 

 

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