O melhor do Brasil para o setor de eventos é o brasileiro. Somos empáticos, empolgados, falantes e sinceros (nem precisamos de Call To Action, CTA, para reagir às manifestações de marcas). Se nos convidam para um evento, vamos em bando – presencial ou virtualmente, damos amplo apoio aos combinados e, em último caso, “vamos nos falando” porque “vamos ver”. E seguimos, mesmo, nos falando e vendo o que acontece em caso de emergência. Sim, este post contém ironia e, obviamente, trata da indústria de eventos com base no case Taylor Swift – plus erre jota – T4F.

 

 

As mudanças climáticas mudaram o jogo dos eventos ao ar livre – e nem é preciso ser membro do G20 ou do grupo de decisores da COP28 para saber que o Acordo de Paris (e, portanto, a Agenda 2030, acordada em 2015) está defasado. 2023 foi o ano mais quente dos últimos 125 mil anos até aqui, segundo pesquisadores do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus, da União Europeia. O mês de outubro foi 1,7°C mais quente do que uma estimativa da média de outubro para 1850-1900, o período de referência pré-industrial. Estamos poluindo mais e, por agravante, temos o El Niño. Contudo, não há “imberbes” no setor de megaeventos. Não há.

Ao ar livre, naturalmente, contudo, faltam sombras e bebedouros. Num país em que quase 35 milhões de pessoas vivem sem água tratada e cerca de 100 milhões não têm acesso à coleta de esgoto (dados da Agência Senado, 2022), água potável gratuita em praça pública é mesmo luxo. E essa é a situação após o Novo Marco Legal do Saneamento, sancionado na Lei 14.026 de 2020, veja bem.

Daí a distribuir água (água potável) aos clientes/ consumidores é questão de humanidade por parte das marcas. Ou já chegamos no ponto de exploração dos aquíferos noutro grau e não estou “abrindo felicidade” o suficiente para entender isso?

 

 

O que ocorreu no show de Taylor Swift no Rio de Janeiro, para mim, é algo inadmissível. Os fãs, ainda que adolescentes, não deveriam se sujeitar às condições de disputa de assentos, em nenhuma hipótese. Não faz sentido, na segunda década do século 21, acordar ser vítima do caos. Agora, cabe um case pessoal. Fui ao Allianz Parque, em São Paulo, ver Roger Waters (olha o sobrenome do sujeito) com ingresso parcelado em muitas vezes e comprado com antecedência para cadeiras superiores. Nada de lugar marcado, apenas setor/ portão de entrada. Duas garrafas d’água que comprara com antecedência foram deixadas do lado de fora do portão de entrada por ocasião das regras do Allianz.

Senhores, garrafas de plástico cheias d’água só matam quem morre de sede. Por que impedir o acesso do consumidor a aeroportos, portos, shows e etc com garrafas com água potável? Pelo lucro da sede? Ou pelo lucro a qualquer custo?

Ana Clara Benevides Machado, de 23 anos, precisou sentir 60ºC na pele e partir para que a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) publicasse portaria que permite a entrada de garrafas de água para consumo próprio em shows e espetáculos, além de obrigar as empresas responsáveis a distribuírem a bebida gratuitamente ou disponibilizar bebedouros em “ilhas de hidratação” de fácil acesso ao público.

Isso é o de menos. Tenho acompanhado os desdobramentos dos posicionamentos de marca (isso é estudar branding) de Taylor Swift, T4F e mais: Defesa Civil, Instituto Nacional de Meteorologia (Imet), Cepagri (Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura) etc. O gerenciamento de crise deveria ser incluído em todo planejamento estratégico, mas não é. Dureza ver CEO’s como Serafim Abreu lendo um TP (teleprompter) e muito inseguros em relação à mensagem; ou ler uma cartinha “manuscrita” nos Stories de Swift e dar-se por satisfeito – o que há de errado com a pop que cancela uma noite de show e, depois, segue a turnê sem contextualizar a crise ou agir em cobrading com TF4 e companhias de fornecimento de água, como Coca-Cola, Danone e afins?

Se o mundo fosse acabar, me diz o que você, marca, faria?

 

  

 

 

 

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