No coração e nas veias da Cervejaria Landel

Conversamos com os sócios Bruno Cardoso e Marcelo Crosta (Samuel Faria estava vendendo seu lúpulo, por assim dizer e não o vimos desta vez) sobre o universo cervejeiro lá na quebrada deles: a Cervejaria Landel, no Distrito de Barão Geraldo, em Campinas (SP). Isso foi antes do Pint of Science, no Bar Lado B, que é vizinho (logo tem post) desde o ano passado. Fundada em 2013, a cervejaria dá conta de produzir, hoje, no máximo, 20 mil litros por mês – falamos de capacidade instalada. Produzidas “mesmo”: de 8 a 10 mil litros por mês, atualmente (produção própria). “Cada vez que coloco um estilo dentro da fábrica, perco metade da capacidade operacional de um tanque. Como trabalhamos com quatro ou cinco estilos em simultâneo, precisamos ser bastante processuais”, situa Marcelo.

No controle da Cervejaria Landel, Bruno, Marcelo e Samuca. Fotos: Érica Araium/ Diálogos Comestíveis

No controle da Cervejaria Landel, Bruno, Marcelo e Samuca. Fotos: Érica Araium/ Diálogos Comestíveis

 

Fomos até lá para conhecer a edição 2017 da Cafetina (tinha, mas acabou), que leva café, como sugere o nome, na composição e detalhamos a segui). E, além dela, fermentavam, quietinhas nos tanques, a Tripel, a APA e a Tanger da marca. Vem por aí, agora, uma English Strong Ale. Ainda não provamos, então leia com fome de conteúdo (como sempre) e sede. wink


SEM CRISE, SÓ LÚPULO

O crescimento desse mercado é óbvio – estamos bem em oferta de cervas de responsa na região, vai? Ou não faria sentido Leonardo Bregula (da Crazy Rocker) haver apostado no Festival Cultura Cervejeira Campinas, realizado no Parque D. Pedro Shopping, em abril. Tampouco lojas com a cara da Acme Chopp & Beer (de Vinicius Colacioppo, do Beer Tour) com a Tábuas Cervejaria, com a Toca da Mangava (Sousas) e própria Cervejoteca.

O Instituto da Cerveja (IC), idealizado pela engenheira de alimentos e mestre cervejeira Kathia Zanatta, em 2011, divulgou dados bastante interessantes sobre o volume de nossas alquimias água+cereais+lúpulo+leveduras, no finalzinho de 2016. Decorreu de um levantamento feito ao longo de dois anos e “que contou com a ajuda de centenas de microcervejarias, MAPA e associações regionais como Procerva, Apacerva e AGM”. Segundo o estudo, neste setor, vamos às goladas há 11 anos, a despeito da crise. 

“Embora ainda pouco expressivo, especialmente quando comparado ao que acontece agora nos Estados Unidos, este mercado tem hoje 0,7% do volume total de cervejas no país, que representa um volume de aproximadamente 91 milhões de litros anuais de cervejas artesanais”, situa o IC. Ainda segundo o estudo, nos últimos anos, “a taxa de crescimento vem acima de 50 novas cervejarias artesanais por ano, o que representa em média uma nova cervejaria por semana”! surprise

Em dezembro de 2016, a estimativa era de que havia, no Brasil, 432 cervejarias artesanais. Fora as pequeninas e as diminutas.

Veja os infográficos:

Crescimento do mercado cervejeiro no Brasil entre 2007 e 2016, segundo estudo do Instituto da Cerveja. Reprodução/ WEB.
Crescimento do mercado cervejeiro no Brasil entre 2005 e 2015, segundo estudo do Instituto da Cerveja. Reprodução/ WEB.

 

As cervejarias artesanais e microcervejarias brasileiras se multiplicam, informa estudo do Instituto da Cerveja. Reprodução/ WEB.

As cervejarias artesanais e microcervejarias brasileiras se multiplicam, informa estudo do Instituto da Cerveja. Reprodução/ WEB.

“Já tem dez anos que vimos muito bem, percentualmente falando. De fato, não representamos nem 1% do mercado, ainda. Por outro lado, o cenário das cervejas premium mudou bastante. Nosso mercado ainda tem a infantilidade de viver da novidade, mas sabemos que a constância de um trabalho sério trará ótimos resultados a longo prazo. Nossas receitas não são feitas para ganhar prêmio e, consequentemente, custar mais caro. Nos baseamos em paladar, em prazer sensorial. Criamos cervejas leves que são amadas pelo consumidor”, defende Marcelo.

A estratégia deu certo. Hoje, a marca vende cerca de 40 mil litros por mês – dela e de parceiros. Quem coordena as vendas é Samuel. E é ele, também, quem promove a aproximação da bebida com as cozinhas – e, então, propõe harmonizações mais coerentes aos chefs de cozinha. Lembram do evento da Butternut ou o jantar a quatro mãos de Mauro Tavares e Henrique Fogaça no Black Sheep, ambos em 2015 e dos quais participamos? Pois é! 

“O grande problema ainda é o preço. E mais. Nossa marca foi pensada para barris, não garrafas. É um sistema que fideliza mais, mas não pulveriza. Vendemos chope”, entrega Marcelo. Na sede da marca, em Campinas, fica concentrada a criação, a produção dos estilos de menor volume de vendas e a ativação de marketing. Chope, meu amigo. Para degustar in loco. As garrafas partem da planta de Itatiba (SP), são lotes específicos. E há produção constante por lá da Lager e da Ipa Session, produzidas em maior volume. Eu ouvi IPA? Opa! Gente que ama altos IBU’slaugh

 

Marcelo Crosta, da Cervejaria Landel, de Campinas (SP):

"Nossas receitas não são feitas para ganhar prêmio e, consequentemente, custar mais caro. Nos baseamos em paladar, em prazer sensorial". Marcelo Crosta, Landel

 

Cafetina Landel Cartaz

 

Cafetina, da Landel: sazonal, a edição 2017 incluiu o Icatu Vermelho da Fazenda Santa Virgínia (Piraju/SP)
Cafetina, da Landel: sazonal, a edição 2017 incluiu o Icatu Vermelho da Fazenda Santa Virgínia (Piraju/SP)

 

 

TINHA, MAS ACABOU! 

Sazonal. Atendia por Cafetina, uma English Brown Porter. Faz seu estilo? A edição 2017, lançada em março, fez o nosso. Diálogos Comestíveis, que já torrou um zilhão de #MotivosParaDialogar (e à arábica) no Virginia Coffee Roasters, descobriu que um microlote de Icatu Vermelho, lá de Piraju (SP), caiu como luva à edição mais fresca feita com café da breja. Marcelo buscava microlotes paranaenses e, quase sem querer, pertinho da abertura da microtorrefadora/ cafeteria, trocou ideia com Francisco e propôs a parceria em 3, 2, 1.

“Testamos variação de moagem, torra, etc. O Icatu Vermelho era o mais aromático e ficamos bem interessados por isso. Ajustamos o tempo da moagem e a torra, que deveria ser menos intensa e pronto, para mantermos os óleos e, portanto, os aromas”, relembra Marcelo.

Cheia de bossa e drinkability, durou mês e meio (e olhe lá). As notas cítricas de improvável limoneno - sinal de que o cafezinho foi trabalhado direitinho pelas leveduras, percebia-se no retrogosto -, os tostados e caramelos resultaram sutis (bastava deixar o copo esquentar sobre a mesa um tequinho ou servir a 10ºC), o cacau e os aromas florais enterneciam os sentidos.

 

VÁ TOMAR UMAS!

De entorpecer é o growler de 1L que se pode levar para casa depois da visita à cervejaria, situada no Distrito de Barão Geraldo (Campinas/SP). Se quiser provar alguns estilos lá mesmo, reserve um horário para apoiar os cotovelos nas mesinhas da entrada fábrica, às quintas e sextas-feiras, das 12h até às 20h. Os chopes Session IPA, Session Tripel e Mandarina Lager, por exemplo, saem geladinhos das torneiras. Água? Experimente a torneira da caveira!

Cervejaria Landel | Av. Albino José Barbosa de Oliveira, 1.250, no Distrito de Barão Geraldo, em Campinas (SP). Pra ligar: (19) 3395-0702. Pra seguir: @cervejarialandel

 

Entranhas da Cervejaria Landel
20 mil litros por mês ou mais de cerveja são produzidos na sede da marca, em Campinas (SP)

 

WHAT ELSE?

Tá tudo muito bom, tudo muito bem. Mas, realmente, você precisa levar em conta: estamos na era “maker” – voltamos a ser os punks dos anos 1970, ávidos pelo fazer nós mesmos – porque ser cool é hypster - em meio ao BIG DATA e a Internet das Coisas (IoT). Haja tecnologia, rapaz

Os kits cervejeiros baixaram de preço (e é bacana ver o frisson em grupos como o Cervejeiros Caseiros do Brasil, do qual faço parte, por receitas, serviços de envase e personalização de rótulos, mudas de lúpulo e etc). Dá para fazer cerveja do zero, se bobear, na garagem de casa, com a ajuda de uma galera, virtualmente.

E até para fazer todo o processo com um toque: viu que belezinha é a MiniBrew? A cervejeira texana custa a partir de 999 euros e tem entrega garantida no Brasil. Cinco litros de breja fresquinha, em três horas, com todo o controle do processo num aplicativo? Quero. Só falta uma receita boníssima! devil Marcelo, Leo, Vini: criem uma IPA para mimangel

 

Mini Brew: para fazer breja em casa, com controle do processo via app do celular: 999 euros, um clique, 5l de breja em 3 horas
Mini Brew: para fazer breja em casa, com controle do processo via app do celular: 999 euros, um clique, 5l de breja em 3 horas. Reprodução/ WEB

 

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Estamos sempre falando do beber e comer, como você pode conferir em reportagens como a que leu ou na que fizemos sobre o Encontro de Vinhos Campinas, de 2016 (a edição 2017 será na Praça Carlos Gomes, no dia 15 de julho, confira).

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