Demorou!  Até que a atual gestão da Centrais de Abastecimento de Campinas (Ceasa Campinas) ativasse um evento gastronômico, com envolvimento de restaurantes, cozinheiros, estudantes de gastronomia e, espera-se, uso de insumos sazonais e locais. O dia 13 de maio (das 8 às 13h) marca o início do Ceasa Gourmet, projeto que, se bem-recebido, poderá ser mensal e, novamente, acolhido neste que é o 4º entreposto do Brasil e o 2º do Estado de São Paulo. E onde, funciona, também, o maior Mercado Permanente de Flores e Plantas Ornamentais da América Latina, local do evento gastronômico. 

A iniciativa é da Ceasa em parceria com o Campinas e Região Convention & Visitors Bureau (CRCVB) e conta com apoio do curso de Gastronomia da Universidade São Francisco (USF). 

O anúncio, feito hoje em coletiva de imprensa na Ceasa, não traduz exatamente uma novidade. Alguém aí se recorda das edições do Chefs na Ceasa? Que, em 2015, seguiu os mesmos moldes do Chefs na Praça - que, este ano, chega à 5ª edição? Pois é. A ação será assemelhada. Inclusive com Cozinha Show, capitaneada por docentes e alunos do curso de Tecnologia em Gastronomia da USF, e sob o mote "da banca para a panela". 

 

As tendas, aliás, estarão dispostas ao longo do píer do Mercado de Flores, das 8h às 13h (horário normal de funcionamento da Ceasa), com entrada gratuita. O palco da Cozinha Show da USF ficará do lado oposto à barraca de peixes.

"Serão cinco oficinas das 10h às 13h,  nos moldes do que fazemos com sucesso na Praça Carlos Gomes. A ideia não é executar pratos difícieis, ao contrário. Queremos que as pessoas aprendam receitas e técnicas que podem ser reproduzidas em casa, com produtos da estação, como faremos", situa a coordenadora de gastronomia da USF Andreia Pimentel.

 A primeira delas será ministrada pelo chef Alexandre Meneghetti e terá o palmito pupunha como estrela da preparação de um falso espaguete. Também haverá uma aula de cozinha de vanguarda/ molecular e a preparação de sorvetes usando-se frutas da estação e nitrogênio líquido (ultracongelamento).

 

 

"Vimos assumindo o papel da segurança alimentar por meio de diversas ações como o Banco Municipal de Alimentos e todos os projetos relacionados à gestão da Merenda Escolar. O Ceasa Gourmet visa promover os produtos com a qualidade que temos na Ceasa. E, claro, aproximar a população da empresa, que muitas vezes não sabe o que pode comprar aqui", resumiu o diretor-presidente da Ceasa Campinas Wander Villalba.

Queremos divulgar cada vez mais o destino para atrair eventos de ponta. A gastronomia tem crescido muito na cidade e, desde 2009, quando passamos a realizar o Festival Gastronômico de Campinas, vimos trabalhando neste sentido", observa o diretor executivo do CRCVB Fernando Vernier. Ele confirmou, ainda a realização da 5ª edição do Chefs na Praça em julho deste ano.

 

 

A expectativa dos organizadores é de que o evento receba, pelo menos, 20 mil pessoas. "Boa parte desse público já tem presença cativa no tradicional Varejão da Ceasa e no Mercado de Flores, todos os sábados de manhã", lembrou Villalba. A data coicidirá com a véspera do Dia das Mães, que impulsiona movimento acima do convencional, normalmente, a Ceasa.

"Do ponto de vista de negócios, será uma grande oportunidade para o Ceasa e para a população. E para a cidade de Campinas, claro. Há cases de diversas cidades modificadas pela ativação dos mercados locais. Ainda estamos fazendo a cabeça da presidência e diretoria do Ceasa para que isso aconteça. Os restaurantes também estão precisando deste incentivo", observou Carlos Américo Louredo, diretor de gastronomia do CRCVB.

O formato do evento não está (nem perto) do ideal. Revela, porém, mais um arregaçar de mangas e um passo rumo ao estreitar da relação consumidor-produtor, à democratização da gastronomia e à educação do paladar.

 

Aí vão alguns de nossos #MotivosParaDialogar:
1) "Gourmet", por exemplo, é uma palavra apartada do conceito do evento e excessivamente desgastada. Por que usá-la num evento que o que se almeja é o desapegar do que é "chique e inacessível"? Bobagem...
2) Não haverá operação especial, tampouco extra, para bebidas - um concessionário da Ceasa, deverá atender à demanda do dia - serão vedidas apenas bebidas não alcoólicas durante o Ceasa Gourmet. Neste momento, a organização pretende evitar problemas,  pela proximidade da empresa com a rodovia D. Pedro I. Ok. Seria bacana que, num segundo momento, os produtores artesanais regionais de bebidas mostrassem seu valor por lá, bem como nossos mixologistas e baristas, em parceria com Campinas Café Festival. E não daria certo se houvesse cobranding com empresas de transporte e/ ou ações educativas para direção segura? Pois. 
3) As nove operações já confirmadas, por ora, não surpreendem em soluções e em preparações (veja a lista completa dos menus no final deste post). Pode ser, porém, que até o dia do evento haja novidades. Flores comestíveis, PANC, ervas aromáticas outonais/ da-estação-que-for... Seria bonito de ver o emprego disso dentro do mercadão. Preços? De R$ 5,00 a R$ 20,00 o prato. Villalba diz que, aos poucos, produtores, cozinheiros e sazonalidade estarão mais próximos dentro da "cozinha" do Ceasa. "Ficou muito em cima para fazermos esse ajuste neste momento com a quantidade de pessoas que estará por aqui", disse. "E, aí, sim, teremos edições periódicas", sintetiza Vernier.
4) E super, também, seria se mais restaurantes e cozinheiros encampassem essa ideia. Por que será que não há tantos chefs e restaurantes participantes nesta primeira edição?

 

 

E você? Tem alguma sugestão?